30 maio 2005

O tema da pantera tem muito que se lhe diga


Todos conhecem o tema da Pantera Cor de Rosa de Henry Mancini e muitos provavelmente saberão trauteá-lo. Parece ser uma peça simples, contudo a sua estrutura é mais elaborada do que, à primeira vista, se poderia imaginar.


Para ouvir a peça, por favor, carregue aqui:

Observem o seguinte gráfico:



Como podem verificar, trata-se de uma forma ternária (ABA), na qual a Secção B é constituída por uma improvisação, o que é típico de temas de Jazz.
A Secção A (que é repetida após a improvisação de modo ligeiramente diferente) tem várias sub-divisões. Encontramos, assim, uma forma ternária (quadrados vermelhos) e uma forma binária (quadrados verdes).
Nesta peça, a forma ternária possui uma coda, ou seja uma secção conclusiva. Na Secção A final, esta coda é ligeiramente mais extensa.

A análise acima exposta é, na minha opinião, a interpretação mais correcta.
Poder-se-ia argumentar que as partes c e d fariam já parte da Secção B, juntamente com a improvisação. Neste caso, as duas Secções A acabariam com a coda.
Contudo, considero que a oposição entre a forma ternária (quadrados vermelhos) e a forma binária (quadrados verdes) constitui uma unidade.
Na música Jazz é vulgar a primeira apresentação do tema (aqui Secção A) ser completa, podendo as restantes, posteriormente, surgir encurtadas entre várias improvisações.

26 maio 2005

Solução do Enigma Musical

Trata-se da peça Abertura (ou Fanfarra) do Te Deum de
Marc-Antoine Charpentier (1634-1704) e a "alcunha" da Secção Mistério é naturalmente "Hino da Eurovisão".

Quem desejar ouvir a sequência completa, por favor, clique aqui:


Obrigado pela participação. Gostámos muito de receber as vossas reacções.

22 maio 2005

Forma Rondó e Enigma Musical

O termo rondó data da Idade Média, apresentando nessa época a seguinte grafia: rondeau. Era utilizado para designar um andamento de dança. Durante o Renascimento manteve este significado, para além de poder já designar uma forma musical. A partir do Barroco, a palavra rondó passou sobretudo a identificar um tipo de organização musical chamado Forma Rondó cujas características iremos observar.

De certo já ouviram muitas peças musicais compostas nesta forma, sem disso se aperceberem. A Forma Rondó é caracterizada pela repetição de uma secção, intercalada por, pelo menos, 2 secções diferentes.
Observem as seguintes combinações:
A – B – A – C – (seguida ou não por outra secção A)
A – B – A – C – A – D – (também seguida ou não por uma secção A)

Qualquer destas secções pode ser repetida, formando, por ex., a combinação:
AA – B – A – C – AA

Grande parte das suites de Bach incluem um andamento em Forma Rondó, como por ex., a famosa Suite nº2 em Si menor, BWV 1067, cujo esquema é:
AA – B – A – C – A – D - A
Carregue para ouvir o 2º andamento desta Suite



ENIGMA MUSICAL

O nosso enigma é também uma Forma Rondó. Trata-se de uma obra litúrgica de um célebre compositor francês do período Barroco que compôs música para várias peças de Molière. Conforme acima indicado, existe nesta peça uma secção A que se repete, intercalada por uma secção B e uma secção C.

Vão poder ouvir as secções B e C. Quanto à secção A, é ela o nosso enigma. Asseguro-vos que já a ouviram centenas de vezes!
O esquema da peça é:
AA – B – A – C – A
Carregue para ouvir as secções B e C


O nome do compositor, assim como alguns dados sobre ele, e o nome da peça serão publicados nos próximos dias, juntamente com a sequência completa (não é muito longa).
O primeiro a descobrir a “alcunha”:) da secção A, receberá uma música ORIGINAL por e-mail.

15 maio 2005

A mais romântica de todas as óperas?

“LA BOHÉME”, DE PUCCINI

É “romântica”, sentimental, mesmo piegas,
na opulência melódica de uma orquestração habilíssima,
em que não há recurso desonesto da escrita musical
que não seja usado para enternecer
ou para fazer sorrir um satisfeito sorriso triste
por conta da “tragédia” inevitável,
com vidas fáceis, muita miséria alegre,
o “quantum satis” de imoralidade, e o bacilo
de Koch, herói do Romantismo. Mas…
jamais se foi tão ao fundo da vulgaridade,
jamais se comoveu tanta gente dura com a realidade,
transformando-as em convenções tão líricas.
E jamais tão bem se anestesiaram as pretensões de gosto
com esta coisa tão simples
que é como que bondade,
como que tristeza,
como que morte,
e é uma fúria de fugazmente viver,
sensível, inútil, condenada,
mas que sempre pungente viverá nesta música.

E, quando cai o pano sobre a morte de Mimi,
mal sonha a maioria dos espectadores conspícuos
a que ponto, com a lágrima no olho,
pagaram a conta do café aos Marcelos e aos Rudolfos,
e compraram sapatos mais largos a Museta.
E isto faz que perdoemos a Puccini tudo,
e lhe concedamos o lugar que merece em nós
como o coração que perdemos, e ele,
sem vergonha e sem escrúpulos,
nos restitui.

26/7/1964
Jorge de Sena in Arte de Música

Julgo que não será necessário descrever detalhadamente o argumento da Bohéme. Quem não estiver bem dentro do assunto, poderá sempre consultar um dos inúmeros sites sobre ópera que facilmente se encontram através do Google.
Gostaria que ouvissem a célebre área de Mimi-“Si, mi chiamano Mimi”- e o dueto “O suave fanciulla”.

(Para situar a acção, apenas uns breves dados: Mimi, vizinha de Rudolfo, bate à porta deste porque a sua vela se apagara. Rudolfo convida-a a entrar e dá-lhe um copo de vinho para a reanimar, pois Mimi estava quase desfalecida. Ao levantar-se para sair, ela descobre que perdeu a chave. Rudolfo encontra-a facilmente, mas mete-a no bolso para ter um pretexto para reter Mimi. Então toca-lhe na mão, que está muito fria, e canta a área “Che gelida manina”, na qual faz a sua apresentação, e que termina com as palavras “Chi siete? Vi piace dirlo?”
Respondendo a Rudolfo, “Si, mi chiamano Mimi”, é agora a vez de Mimi se apresentar, dizendo o seu nome e falando da sua vida e gostos.
Seguidamente, os dois cantam o dueto “O suave fanciulla” e saem juntos, acabando assim o 1º Acto.)

A área começa com o “tema de Mimi”, que irá percorrer toda a ópera associado a esta personagem, e que se ouve durante os primeiros versos.
Depois, com a frase “mi piaccion quelle cose” ouve-se um novo tema de sabor oriental (atenção ao trilo de flautas seguido de um acorde mais forte).
Há depois uma pequena pausa, durante a qual Mimi faz uma pergunta “ Lei m’entende?” e recebe a resposta de Rudolfo “Si”.
Seguidamente volta o “tema de Mimi”, logo seguido por outro de carácter pastoral, apropriado à descrição que ela faz da sua vida simples.
Dá-se então o clímax da peça e volta-se a ouvir, por momentos, o tema oriental. A área acaba de um modo suave com duas frases faladas.

Área de Mimi interpretada por Maria Callas:



O dueto é baseado no tema já antes utilizado nas áreas anteriores.

Dueto “O suave fanciulla” interpretado pelo casal A. Gheorghiu/R. Alagna:



Link para o site de Angela Gheorghiu (pode ouvir-se no site a parte do clímax da Área de Mimi)

05 maio 2005

Última carta de António Fragoso

Descobri a obra do compositor António Fragoso há cerca de doze anos, quando preparava a minha Prova de Aptidão Profissional do Curso de Piano que tinha como tema o reportório pianístico português do início do século XX.
Existe já uma link no blog com alguns dados biográficos e a gravação de duas peças deste compositor. Assim, e dado que a carta é longa, não me detenho mais e passo a palavra a António Fragoso:

A ESFOLHADA

Ao Fernando Botelho Leitão

Meu caro Fernando

As férias estão terminadas. Dentro de breves dias iremos novamente trabalhar,
pró música, nessa complicada engrenagem da vida da capital, onde o nosso espírito se cansa, mas onde temos também os momentos de mais elevado prazer espiritual, aqueles que nos oferecem as audições das grandes obras dos grandes mestres da música, essa arte subtil e engenhosa que nós cultivamos com tanta fé e tão entusiástica paixão. E como vemos aproximar-se o dia em que temos de deixar aqueles que nos são mais queridos, fazemos esforços para nos divertirmos o mais possível, tentando assim esquecermo-nos por um momento da tristeza da vida de hoje que cada vez está sendo mais complicada e mais angustiosa, tais e tão graves são as doenças que dia a dia vão devastando impiedosamente o Corpo e a Alma do nosso pobre país.
Mas nós devemos encarar a vida com uma grande dose de filosofia positiva e por isso nos vamos divertindo à grande enquanto os males nos não batem à porta. De resto, como dizia o grande Fradique Mendes, “este mundo está superiormente organizado” e, por isso mesmo, cheio de compensações. Uns sofrem, outros riem: amanhã invertem-se os papéis e o mundo gira com a mesma velocidade e com a mesma fleuma!...
Ora foi filosofando fleumàticamente que as pessoas gradas que este ano têm veraneado na Pocariça, a tão hospitaleira e encantadora aldeia onde nasci, e onde ainda não chegaram senão os ecos das epidemias, puderam tomar para lema da sua vida de férias, aquele verso tão português do
Burro do Sr. Alcaide que principia assim:
-“Viva a folia, dançar, dançar, etc...”
E, na verdade, a nossa vida, de há dois meses para cá, tem sido um constante e vertiginoso rodopiar, entre os passos lentos e tantas vezes cheios de ternura duma valsa de Berger, e os saltos
ursinos e desengonçados dum fox-trot.
Ontem, porém, despimos a rabona de todos os dias, e vestimos a jaqueta dos homens de lavoura; as senhoras enfeitaram-se com as cores garridas de Viana do Castelo; e, descendo da sala ao campo, fomos dançar numa eira, ao som da guitarra e do harmónio, as danças tão simples e tão pagãs do nosso povo.
Tinha-se organizado uma esfolhada; como porém, o mês de Agosto já passou, tendo levado consigo o calor e a luz prateada do seu luar, a esfolhada teve de ser feita de dia, à hora em que o sol de Outono vai amarelecendo as folhas dos vinhedos que ainda há bem poucos dias levaram às adegas, em alegrias báquicas, a riqueza abençoada do seu suco. Sendo assim, ela não podia ter o encanto sugestivo daquela esfolhada minhota que Júlio Diniz nos descreve através da prosa tão simples e tão cheia de harmonia; mas teve, sem dúvida, o mesmo ar de alegria e de mocidade.
Estavam já todas as senhoras, lindas no seu traje minhoto, e alguns rapazes, procedendo à descamisa do milho, quando apareceram o Mário Vaz, o Manuel Pessoa e o Carlos, meu irmão, todos de calça branca e cinta escarlate, tocando ruidosamente o popularíssimo
Zé P’reira. Podes calcular o barulho, a alegria esfusiante, os vivas e as palmas que eles provocaram. Depois houve cantigas ao desafio em que mais uma vez saltou, em rimas cheias de graça, a veia poética do Mário Vaz, a que a Armanda Pessoa respondia com aquela sua voz tão docemente timbrada; o Jorge e o Arnaldo Frota flirtaram; os felizes a quem a Boa-sorte fez chegar às mãos as espigas de milho-rei, regalaram-se de dar abraços; o Evaristo Pessoa mais uma vez pôde manifestar quanto é grande o seu talento para a arte de Niepce; os petizes fartaram-se de berrar, e eu...eu fiz o que pude!...
O sol escondia-se já por detrás dos pinheirais quando chegaram as criadas com papas de abóbora...Nova vozearia, novos vivas, novas palmas!...E, num instante, todo o grupo, agarrado à sua colher e ao seu prato, saboreava esse belo acepipe com um apetite digno de Pantagruel. A alegria faz fome, lá dizia não sei quem...e, na verdade, assim é. Foi só então que começaram as danças.
E os ecos puderam repetir ainda, à hora melancólica das Ave-Marias, as melodias alegres do Vira, da
Caninha Verde, dessas danças tão caracteristicamente portuguesas que se cantavam na eira.
Nessa festa, nós pudemos sentir bem o que há de alegre e bom na alma do nosso povo; mas nem por isso deixou de ter o seu cunho de elegância e distinção.
Tive pena que cá não estivesses para nela tomares parte; que ao menos a minha pena tenha podido dar-te uma pálida impressão do que ela foi.

Teu amigo certo
A. Lima Fragoso
4/10/918
FRAGOSO, A. Lima, A Esfolhada, s.l., 1918, apud JORGE, Leonardo, António Fragoso - Um génio feito saudade, Rio de Janeiro, Livros de Portugal, 1968, pp. 93-95.

Nove dias depois estava morto. Trabalhava, então, na composição do segundo andamento de uma sonata para piano e violino que não conseguiu completar.
Nesse mesmo dia 13 de Outubro morreu também uma irmã de quinze anos e, ainda, no dia 15 outra irmã de dezanove anos e no dia 17 um irmão de dezoito. Dos cinco filhos do casal Lima Fragoso, apenas a filha mais nova, então com três anos de idade, recuperou da gripe-pneumónica.

NOTA: Existem poucos estudos sobre a obra de António Fragoso. Em 1968 foi publicado o livro acima referido cujo autor era filho de um médico da Pocariça que assistiu a família do compositor nesse Verão trágico de 1918. É um testemunho muito sentido de alguém que conheceu António Fragoso em criança, mas não é uma obra científica. De qualquer modo, é uma leitura interessante para quem se interessa pelo compositor. Pode consultar-se na Biblioteca Nacional. Julgo que já não se encontra à venda.

04 maio 2005

Haydn e os alunos do 6ºano

Haydn (1732-1809) compôs mais de uma centena de sinfonias, entre elas a chamada Sinfonia do Adeus (Sinf.nº45 em Fá sustenido menor). Um dos manuais adoptados para o 6ºano inclui o relato da reivindicação laboral, como diríamos actualmente, que se encontra na génese desta obra.

Os alunos costumam achar esta história fascinante:
Haydn trabalhou na corte do príncipe Nicolau de Esterházy durante quase trinta anos. Estava obrigado a apresentar regularmente composições novas, de acordo com os desejos do príncipe, e também a cuidar dos instrumentos e a dirigir os cerca de vinte músicos da orquestra que, afectuosamente, o apelidavam de Papa Haydn.
No Verão de 1772, devido às numerosas recepções na corte a actividade musical era intensa, não permitindo a partida dos músicos para junto das suas famílias cuja visita ao palácio lhes parece também ter sido negada. Instalou-se assim o descontentamento entre eles, tendo Haydn expressado este mal-estar através do modo como a Sinfonia nº45 termina. No último andamento, os músicos deixam de tocar o respectivo instrumento e vão abandonando o palco um por um, até este ficar vazio. A táctica parece ter resultado, pois sabe-se que pouco tempo depois da estreia da sinfonia o príncipe e os músicos deixaram o palácio.
Os miúdos deliram com estas peripécias. Na sua imaginação, o príncipe assume evidentemente o papel do “vilão” que pretendia impedir os “bons” de verem as mulheres e os filhos. Quanto a Haydn, de acordo com o que escrevem nos testes, acham que este, passo a citar, “trocou bem as voltas ao príncipe mau”.

02 maio 2005

A ópera a Flauta Mágica e a simbologia maçónica do algarismo 3


Em sintonia com a música de fundo, e sendo os autores grandes apreciadores de Mozart, o primeiro texto teria necessariamente que focar uma obra deste compositor, neste caso a ópera A Flauta Mágica.
Aqui ficam portanto algumas pistas que talvez vos ajudem a apreciar ainda mais esta obra. Como julgamos ser do conhecimento geral, a Flauta Mágica, composta por Mozart em 1791, reflecte as ideias maçónicas do seu criador.
No que diz respeito às referências ao algarismo 3, podemos enumerar os seguintes aspectos:

  1. Existem 3 Templos: o Templo da Sabedoria, o Templo da Razão e o Templo da Natureza
  2. A personagem Pamino tem se dirigir às 3 portas dos Templos
  3. A Rainha da Noite tem 3 Damas de Honor
  4. As personagens Tamino e Papageno são guiadas por 3 Rapazes
    E LAST BUT NOT LEAST
  5. Ouvem-se no início da Abertura 3 acordes
  6. A ópera é composta na tonalidade de Mi bemol Maior (que tem 3 bemóis)

Relativamente ao ponto 5, não são necessárias grandes explicações. É fácil de verificar quando se ouve a Abertura que existem 3 acordes dos quais o 1º é tocado 1 vez e os 2º e 3º são tocados 2 vezes.
Exemplo- Acordes da Abertura da Flauta Mágica
1º- Os três acordes simples
2º- Os três acordes com as repetições
3º- O começo da Abertura tocado pela orquestra
Clique aqui:

(Aguarde o carregamento do ficheiro de som)

Quanto ao ponto 6, será talvez útil explicar o que é a escala de Mi bemol Maior, a fim de fundamentar a preferência do compositor.
Para poder explicar facilmente as características desta escala, começar-se-á por explicar o que é a escala de Dó Maior, pois esta é a Escala Modelo.

NÃO SE ASSUSTE MESMO QUE NUNCA TENHA ESTUDADO FORMAÇÃO MUSICAL! VAI VER QUE ISTO É FÁCIL E ATÉ É GIRO!

Escala de Dó Maior

Observe este diagrama das teclas do piano:

(Se não aparecer a imagem, carregue em Actualizar)

No teclado do piano, existem, alternadamente, grupos de 3 teclas pretas e de 2 teclas pretas. A tecla branca que fica à esquerda de qualquer grupo de 2 teclas pretas chama-se Dó. Entre os grupos de teclas pretas há 2 locais, entre 2 Dós, onde não existem teclas pretas, ou seja não há tecla preta da 3º para a 4º nota e da 7º para a 8º nota, se começarmos em Dó. Esta é a escala de Dó Maior.
Assim, quando se lê no título de uma composição que esta é em Dó Maior isto quer dizer que, se a peça for tocada ao piano, tal se pode fazer usando só as teclas brancas. Claro que as obras normalmente não se mantêm sempre na mesma tonalidade e há momentos em que passam por outras tonalidades. Quando isto sucede diz-se que houve uma MODULAÇÃO.
Poderá agora ouvir, como ex., uma canção infantil (na qual Mozart baseou um conjunto de 12 Variações- “Ah vous dirais-je Maman”- K 265) que está na tonalidade de Dó Maior.
Exemplo- Canção em Dó Maior
Clique aqui:

Sustenidos e bemóis
Como é óbvio, um compositor pode querer alargar a paleta de sons, incluindo na composição as notas correspondentes às teclas pretas. Indica-se isto na pauta, colocando o sinal de sustenido # ou de bemol b.
Se houver um sustenido, toca-se não na tecla branca correspondente a essa nota, mas na tecla preta que está à direita, ou seja o som fica mais agudo.
Se houver um bemol, acontece o inverso. Toca-se na tecla preta que está à esquerda da nota e, naturalmente, o som fica mais grave.

Escala de Mi bemol Maior
Para que esta escala, que obviamente vai de Mi bemol a Mi bemol, soe exactamente igual à Escala Modelo de Dó Maior é necessário colocar 3 bemóis, de modo a manter o intervalo de meio tom entre a 3ª e 4ª notas e a 7ª e 8ª notas.
Observe o seguinte diagrama da escala de Mi bemol Maior:

(Se não aparecer a imagem, carregue em Actualizar)

DE VOLTA À FLAUTA MÁGICA!
Desejando Mozart compor uma obra numa tonalidade onde o algarismo 3 estivesse presente, teoricamente, tanto poderia ter escolhido uma tonalidade com 3 sustenidos como com 3 bemóis. Optando por bemóis (provavelmente devido à instrumentação de sopro utilizada) e querendo compor no modo maior, escolheu assim a tonalidade de Mi bemol Maior (para além da Flauta, há outras obras de Mozart nesta tonalidade).
Como já foi acima mencionado, só uma peça muito simples será toda composta na mesma tonalidade.
Relativamente à Flauta Mágica, podemos referir que, para além da tonalidade de Mi bemol Maior, aparecem em variados momentos da obra outras tonalidades, como por exemplo, as tonalidades de Ré menor na celebre ária da Rainha da Noite, tonalidade esta associada em Mozart a sentimentos de medo e/ou vingança (é a mesma da cena da Estátua no fim da ópera Don Giovanni) e a tonalidade de Sol menor na ária de Pamina “Ach, ich fühls” do 2ºacto da Flauta.

E pronto! Se ainda não possui o disco, sugerimos que vá a uma conhecida loja de discos francesa ou à loja virtual iTunes adquiri-lo e depois se delicie com a audição desta magnífica ópera.
Com desculpas pela qualidade, deixamos aqui um pequeno aperitivo: um bocadinho da Fuga da Abertura (parte dela é a música de fundo do blog).
Clique aqui para ouvir:

E O QUE É UMA FUGA?
UMA FUGA É... NÃO FUJA, HOJE FICAMOS MESMO POR AQUI!

Pamina com assistência técnica de Viktor

Link sobre a Flauta Mágica e a Maçonaria:
http://freemasonry.bcy.ca/biography/mozart_a/TheMagicFlute.html

Bem-vindos!

Ao decidirmos iniciar um blog sobre música, preferencialmente clássica (embora não só), imediatamente se nos colocou a pergunta: “Para dizer o quê?”
Com a quantidade de informação existente hoje em dia na Internet, é completamente supérfluo escrever textos que apenas forneçam dados sobre a vida e obra de compositores famosos. Pensamos que só focando aspectos mais específicos o blog poderá ter algum interesse.
Tenho notado que existe, especialmente numa faixa etária que frequentou o liceu numa época em que não havia qualquer disciplina de educação musical, uma grande curiosidade pela forma e estrutura musicais e o desejo de adquirir conhecimentos que permitam uma audição mais informada e consequentemente uma melhor fruição da música.
Por outro lado, demasiados textos técnicos poderão tornar o blog enfadonho. O desafio consiste, portanto, em conseguir encontrar o justo equilíbrio. Vamos procurar alcançá-lo.
Mais uma vez bem-vindos e esperamos que se divirtam!