25 outubro 2005

O Violoncelo

O violoncelo pertence aos cordofones que, como o nome indica, englobam os instrumentos em que o som é produzido através da vibração de uma corda, seja ela percutida (piano), beliscada (guitarra) ou friccionada (violino, viola de arco, violoncelo, contrabaixo, etc).
De uma maneira simples poder-se-á dizer que o violoncelo é uma viola de arco que se toca em posição vertical, pois devido ao seu tamanho (a caixa de ressonância possui cerca de 75 cm de comprimento) é evidentemente impossível colocá-lo no ombro. O violoncelo está afinado uma oitava abaixo (mais grave) do que a viola de arco e o seu arco é mais curto.

O violoncelo, sucessor da viola da gamba, surgiu no Séc. XVI, mas só no princípio do Séc. XVII ocupou um lugar de destaque, nomeadamente fazendo parte do Baixo Contínuo barroco. O Baixo Contínuo era um sistema de acompanhamento de outros instrumentos que incluia, normalmente, um instrumento de tecla (cravo ou órgão) e um instrumento grave (violoncelo ou fagote).
A partir do início do Séc. XVIII começaram a surgir obras para violoncelo solo. No período romântico, as possibilidades expressivas deste foram exploradas ao máximo, como por exemplo no Cisne do Carnaval dos Animais de Saint-Saënts.
Numa orquestra sinfónica, os violoncelos desempenham um papel muito importanto, tocando ora o baixo, juntamente com os contrabaixos, ora a melodia.

Nas orquestras filarmónicas o número de violoncelos ultrapassa muitas vezes uma dezena. Este é também o caso da Orquestra Filarmónica de Berlim, na qual tocam 12 violoncelistas. Estes violoncelistas juntaram-se e formaram um grupo denominado "Die 12 Cellisten der Berliner Philarmoniker", o qual foi recentemente distinguido com um dos reputados prémios Echo Klassik 2005 (encontram aqui a lista completa dos discos premiados este ano).
Seguidamente, poderão ver imagens da actuação deste agrupamento no espectáculo de entrega dos prémios Echo Klassik. O tema escolhido demonstra a enorme versatilidade deste instrumento que consegue reproduzir até a sonoridade da gaita de beiços.

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Tema do filme Era uma vez no Oeste de Ennio Morricone

Alguns sites de interesse:

Wikipedia - Cello
The Cello Page

(Nota: Anna Netrebko e Rolando Villazon, protagonistas da versão da Traviata aqui apresentada, foram também distinguidos com um prémio Echo Klassik)

17 outubro 2005

A Sinfonia

Estiveram a ouvir o início do 1ºandamento, Allegro con brio, da 5ª Sinfonia de L. v. Beethoven. Claro.:) A maior parte das pessoas conhece esta peça e sabe o que é uma sinfonia. Contudo, esta palavra nem sempre tem tido o mesmo significado através dos tempos.
Este termo está normalmente associado à época do classicismo vienense, nomeadamente aos compositores Haydn, Mozart e Beethoven que constituem a chamada Primeira Escola de Viena e, posteriormente, a Brahms, Bruckner e Mahler, entre outros. Voltaremos a falar dos grandes sinfonistas, mas antes vamos então fazer uma breve resenha histórica deste termo.

A palavra Sinfonia surgiu no início do Séc. XVIII para designar três tipos de formas musicais:
- Um andamento dentro de uma Suite, uma Partita, etc. (Por ex. em Partitas de Bach)
- Uma peça para teclado, cravo ou órgão, a 3 ou 4 vozes (Por ex. Sinfonias de Bach)
- Uma abertura, tanto de Oratória como de uma Ópera (Por ex. na ópera Rinaldo de Händel).

Por razões técnicas, seleccionámos um exemplo, entre as formas musicais acima indicadas, nomeadamente, a Abertura do Messias de Händel. Este andamento, popularmente conhecido por Abertura, chama-se, na realidade, Sinfonia.
G.F.Händel - 1685-1759


1º andamento do Messias de Händel:
Sinfonia (Grave - Allegro moderato)

Estas aberturas foram ganhando sucessivamente importância e tamanho, até se tornarem peças autónomas. Em meados do Séc.XVIII, a sinfonia possuia 3 andamentos, passando rapidamente, com a Escola de Manheim (por ex. J.Stamitz e F.X.Richter) a incluir 4 andamentos. Este número de andamentos manteve-se, com algumas excepções, durante todo o período clássico (1750-1820).
Habitualmente, o 1ºandamento era rápido, um Allegro, o 2º era um andamento lento, Adagio ou Andante, o 3º um Minuetto e Trio e o 4º um Allegro ou um Presto. Os exemplos são evidentemente muitos, pois a maioria das sinfonias de Mozart segue este modelo.

Durante o Séc. XIX e início do Séc. XX, a sinfonia modifica-se relativamente a três aspectos:
- O Minuetto é substituido pelo Scherzo
- O número de instrumentos aumenta
- A extensão é maior, passando de cerca de 30 min. para mais de uma hora. Em várias sinfonias o número de andamentos aumenta de 4 para 5, noutras mantêm-se os 4 andamentos, mas estes têm várias partes, o que naturalmente aumenta a sua duração.

Como exemplos deste período podemos citar: a 9ªSinfonia de Beethoven, sinfonias de Mendelssohn, Bruckner, Tchaikovsky, Mahler, etc.
Deste último compositor apresentamos alguns excertos da Sinfonia nº5, pois ilustra bem as características acima referidas. Esta sinfonia, nesta versão interpretada pela Orquestra Filarmónica de Berlim sob a direcção de Claudio Abbado, é composta pelos seguintes andamentos:

Parte I
1. Trauermarch. In gemessenem Schritt. Streng. Wie ein Kondukt.
(Excerto do início)
2. Stürmisch bewegt, mit grösser Vehemenz.

Parte II
3. Scherzo. Kräftig, nicht zu schnell

Parte III
4. Adagietto. Sehr langsam

(Andamento completo)
5. Rondo-Finale. Allegro - Allegro giocoso. Frisch.

(Excerto do Final)

09 outubro 2005

La Traviata: Continuação

Tal como prometido na semana passada, vamos apresentar-vos mais alguns minutos da Traviata na encenação de Willy Decker. Desta vez, poderão ver o final do último acto, desde a entrada da personagem Germont (pai de Alfredo), interpretada pelo barítono Thomas Hampson, até à morte de Violetta.
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Final do 4º acto da ópera La Traviata de Verdi
Seguidamente, apresentamos ainda algumas imagens dos ensaios, onde é bem visível a cumplicidade que se gerou entre os dois protagonistas. Poderão também ver o já referido mostrador de relógio gigante, sobre o qual Anna Netrebko e Rolando Villazón interpretam parte da cena XIV do final do 2ºActo.


Excertos dos ensaios
A propósito de outras encenações desta ópera, gostariamos de lembrar o famoso espectáculo apresentado em 1958 no Teatro Nacional de S.Carlos com Maria Callas e um muito jovem Afredo Krauss, cujo programa aqui reproduzimos:

Clique na imagem para ampliar

Referimos ainda a encenação de Franco Zeffirelli, também com Maria Callas, que inaugurou o Dallas Civic Opera na temporada de 1957/58 e ainda o filme realizado pelo mesmo Zeffirelli, com Teresa Stratas no papel de Violetta e Plácido Domingo como Alfredo. Trata-se de uma encenação completamente oposta, com cenários e guarda-roupa opulentos e à época, dos quais as imagens abaixo vos poderão dar uma ideia.

02 outubro 2005

La Traviata no Festival de Salzburgo 2005

No âmbito do Festival de Música de Salzburgo de 2005, foi apresentada a ópera La Traviata de G.Verdi, num total de 7 récitas, com encenação de Willy Decker e cenografia de Wolfgang Gussmann, tendo nos papéis principais Anna Netrebko (homepage de Anna Netrebko) como Violetta, Rolando Villazón como Alfredo e Thomas Hampson como Germont (no espectáculo do dia 16 de Agosto a ópera foi levada à cena com James Valenti no papel de Alfredo).

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Parigi, o cara do 4º acto da ópera La Traviata de Verdi
Desde a entrada de Alfredo até ao beijo final, W.Decker soube jogar magnificamente na encenação deste dueto com a sensualidade da cantora Anna Netrebko.

Como poderão ver neste video, Wolfgang Gussmann concebeu um cenário despojado, quase isento de adereços, no qual se destaca ao fundo uma parede branca e um banco semicircular, disposto ao longo desta mesma parede. Toda a ópera decorre neste espaço, sendo apenas introduzidos, no início do 2ºacto, para marcar a mudança de local da acção vários sofás cobertos com panos floridos.
Uma das cenas mais espectaculares desta encenação tem lugar no final do 2ºacto. Trata-se da célebre cena na qual Alfredo, ferido pelo que julga ser a traição de Violetta, lhe atira uma bolsa com dinheiro para pagar os seus serviços e que aqui é representada pelos protagonistas deitados em cima de um mostrador de relógio gigante. Alfredo, em vez de atirar a tradicional bolsa, introduz à força notas na boca de Violetta.
Outra inovação desta encenação é a presença de uma figura quase estática, no espaço entre o banco e a parede, que simboliza a morte e que assume ao mesmo tempo o papel do Dr.Grenvil.
Os críticos Reinhard J. Brembeck do Süddeutsche Zeitung, Karl Harb do Salzburger Nachrichten e Manuel Brug do Die Welt foram unânimes em aplaudir este espectáculo. Contudo, trata-se certamente de uma versão polémica que, porventura, não agradará a todos os espectadores.
(CONTINUA PARA A PRÓXIMA SEMANA)