12 julho 2006

Sobre o órgão


Depois do cravo, do sousafone e do violoncelo chegou a vez de falarmos do órgão, segundo muitos estudiosos, o instrumento musical mais complexo de todos.

O órgão, surgido na Antiguidade Clássica, também chamado órgão de tubos, é um aerofone, ou seja a produção do som é efectuada através do ar. Naquela época, havia órgãos que funcionavam através da pressão do ar e outros hidráulicos, os quais actualmente já não se utilizam.

Para controlar os sons produzidos, existe um sofisticado sistema de tubos ligado a vários teclados. Geralmente, existem dois para serem tocados pelas mãos, denominados "manuais", e outro constituído por teclas grandes para ser tocado pelos pés, denominado "pedaleira".
Inicialmente, a produção do ar era assegurada por um fole que era operado por um ajudante, o foleiro. Actualmente, recorre-se a uma ventoinha eléctrica.
O ar enche o "reservatório" (ver imagem) e entra numa zona denominada "secreto", onde existem várias válvulas, os "sopapos", uma para cada tecla.

Uma das riquezas tímbricas do órgão reside na possibilidade do executante seleccionar diferentes registos. Os registos são combinações/programações de tubos que este pode accionar através de botões e que fazem funcionar as "réguas" (ver imagem). Conforme a posição das réguas, o ar pode entrar em tubos diferentes.
Existem tubos "flautados", que possuem uma sonoridade doce, e tubos "palhetados" que possuem uma sonoridade mais agreste. Os tubos possuem dimensões muito diversas, podendo ir de poucos centímetros a alguns metros. Deste modo, alguns órgãos possuem grandes dimensões, sendo normalmente instalados em salas de concertos ou igrejas, integrando-se normalmente na arquitectura do edifício. Aliás, muitos dos tubos que se costumam ver nas paredes de algumas catedrais têm apenas uma função decorativa, havendo, para além deles, um complexo sistema de tubos que não está visível.

Na Península Ibérica, existe ainda um outro tipo de tubos denominado "trombetas ibéricas". Este tipo de tubos está virado para a frente, assemelhando-se a trompetes e pode observar-se, por exemplo, nos órgãos da Sé de Évora, da Sé de Braga ou na igreja de Santa Maria de Óbidos. É ainda importante referir a existência no Convento de Mafra de uma sala com 6 órgãos que possuem este tipo de tubos e que, após um longo trabalho de restauro, se encontram já de novo em funcionamento.
Infelizmente, muitas igrejas portuguesas não têm órgãos de tubos, havendo modelos electrónicos que simulam os registos e que também possuem dois teclados e uma pedaleira.

A peça que têm estado a ouvir é a célebre Toccata e Fuga em Ré menor de J.S.Bach. Esta obra, aqui na intepretação de Frederik Magle no órgão da catedral de Riga, explora justamente as alternâncias de registos, obrigando o executante a mudar frequentemente as mãos de um teclado para o outro.

Para visualizar este vídeo, deverá utilizar o Internet Explorer e ter o Windows Media Player versão 9 (ou superior) instalado. Não se esqueça de desligar a música de fundo no botão acima.



Poderão ver aqui uma outra versão desta peça, executada pelos nossos amigos bate-chapas que tão bem repararam aquele Opel Kadett:))) no ano passado, conforme tiveram oportunidade de apreciar neste post.

20 Comments:

Blogger thorazine said...

Bem..que ricas aulas que aqui se dão! Por acaso sempre me questionei como é que o ar entrava com a pressão necessária nos orgãos antigos para o som se espalhar pela igreja, já que o simples pressionar de uma tecla nada faz em relação a isso. A "culpa" é do foleiro! :)))

PS - Será que a etimologia do calão "foleiro" vêm daí? É que essa função boa não era, concerteza.. :))))

13/7/06 13:17  
Anonymous Anónimo said...

Esta tocata de Bach é, para mim, do que há de mais prodigioso na música.Abraços.

13/7/06 23:10  
Blogger wind said...

Esta peça de Bach é uma da músicas que mais gosto:)
Sublime!
Quanto aos "amigos" são simplesmente fantásticos:)
beijos

14/7/06 15:18  
Blogger viktor said...

Thorazine,
Aqui há sempre qualquer coisa para aprender acerca de música.
Quanto ao foleiro, penso que a explicação faz todo o sentido. Dar ao fole era uma actividade pouco prestigiante, aliás, começou por ser efectuada por escravos.
Até breve.
Abraço.

Henrique Dória,
Para mim é uma obra prima da arquitectura :)))) Uma análise cuidada demonstra uma construção complexa e simultaneamente bela.
Abraço.

Wind,
Além de ser uma obra magnífica, é possível interpretá-la de muitas formas, utilizando registos diferentes e, obviamente, a sonoridade varia de órgão para órgão.
Os amiguinhos conseguem reproduzir a toccata numa versão muito especial, isto é, antes do serviço que fazem ao carro (vejam no link).
Bjs.

14/7/06 23:51  
Anonymous Anónimo said...

O que estes miúdos sabem de carros e 'tubos' afins!... é, pá, obrigada por me porem a aprender!!, beijo grande aos dois e bom fim de semana!!, IO. Adoro Bach!!

15/7/06 00:02  
Anonymous Anónimo said...

Olá!
Cheguei aqui através do blog da Tété e agora vou dar uma vista de olhos nos posts!
Beijinhos da Dani

15/7/06 01:07  
Blogger ASPÁSIA said...

Redacção

A Minha Escola de Música


Eu gosto bué da minha Escola de Música, que se chama BonaMusica. O nosso setôr não é nada foleiro e chama-se Viktor.
Hoje tivemos a estudar o órgão. O setôr nunca nos dá sopapos, porque nós sabemos sempre tudo bué da naice, nem reguadas, porque nesta escola nem sequer há réguas.
Quando em casa não sabemos alguma coisa, vamos logo aos manuais que são bué da fixes e coloridos.
Às vezes nos dias de calor temos sede e vamos com o setôr a um reservatório de água muita boa que fica num lugar muito secreto ao pé da Escola. Outras vezes, no Inverno, quando temos frio, vamos para o ginásio fazer pedaleira, enquanto ele toca num órgão electrónico muita giro, umas músicas muita heavy, que é prá gente pedalar sem se cansar.
Quando algum de nós diz alguma coisa muita gira ou disparatada, o setôr anota logo nuns registos que ele faz, que é para depois pôr num belogue que ele há-de fazer chamado "As Lições de Música dos meus Tonecas".

A gente também curte bué de tocar umas trombetas muita fixes que há cá na Escola, de todos os tamanhos, umas de alguns centímetros outras de vários metros. Estas maiores têm que estar no jardim, onde também temos duas linces ibéricas gémeas muito mansas que fugiram de um circo aqui para o jardim da Escola e ficaram por cá.
Outra coisa que a gente curte bué é dos filmes que o setôr passa, especialmente duns senhores bate-chapas que batem nos tubos de escape e que são uns cantores e bailarinos chapados.

Como vêem, a nossa Escola é uma ganda curtição e aprendemos sempre da bué!!! Além disso as inscrições estão sempre abertas e não pagamos propinas, por isso aproveitem!!!

Ah, é verdade! Eu gostei muito de estudar o órgão. Aprendi imenso!!!

;))))

15/7/06 02:04  
Blogger ASPÁSIA said...

P. S. - é claro que curti imenso fazer esta redacção, embora tenha ficado sem fôlego...

;>

15/7/06 02:19  
Anonymous Anónimo said...

Mais uma aluna agradecida.

A propósito de Bach: por que será ele o compositor preferido dos gatos? Li isso em qualquer lado e fiz experiências com a minha Mitsou mas ela gostava mais de Mozart...

Beijinhos para os dois e um óptimo fim de semana nessa linda Foz! :)

15/7/06 09:51  
Blogger Unknown said...

muito bom o blog. ^^
Mas, muito mesmo. =D

16/7/06 00:40  
Blogger viktor said...

Io,
Aqueles rapazes são o exemplo da polivalência no trabalho :))
Boas férias!
Bjs.

Daniela Mann,
Welcome to Bonamusica.
Volta sempre. Há sempre qualquer coisa para aprender.
Bjs.

Aspásia,
Adorei a tua redacção! Já pensaste em escrever uma peça teatro? Há muitos grupos por aqui.
Entretanto, acho que temos manter isto do funcionamento do órgão muito secreto não vá algum foleiro contar a alguém :)))
Bjs.

Cinda,
Ora aí está um assunto que ainda não explorámos. Bach ou Mozart no mundo dos felinos :)))
Bjs.

Rafael,
Obrigado pela tua visita. Volta sempre.
Abraço.

16/7/06 23:28  
Blogger ASPÁSIA said...

Olá de novo

Pois tem graça, uma vez comecei uma peça de teatro cómico cahmada "A Marquesa de Vol d´Oiseau", mas perdi o rasto ao manuscrito! Alguns amigos que ainda leram fartaram-se de rir.
Também tenho aqui em casa uma "Comédia musicada em 1 Acto" escrita à máquina por meu Pai (numa noite!) em 1941 e chamada "Filtro d´Amor". É muito gira mas claro, é daqueles tempos. Aliás ando para a passar a computador mas o tempo não tem chegado.

Quanto ao funcionamento do órgão... encontrei esta delícia musical no blog da Yulunga: Especial Homens É cómico e nada foleiro...;D

A propósito, sempre foram à feira erótica? Pelo que vi na Net pareceu-me um bocado exploração do sexo disfarçada de feira...

Bjs para ambos

17/7/06 12:37  
Blogger Pamina said...

Aspásia,
Com o teu "espírito", tenho a certeza que eras capaz de ecrever uma peça com diálogos bem vivos. Tens que meter mãos à obra:).
Quanto à feira, claro que it's a way to make a buck. Alguns fazem-no facilmente, outros com mais "sangue, suor e lágrimas".
Um bj.

17/7/06 14:11  
Anonymous Anónimo said...

Adoro! Não tenho mais nada a dizer.
Tenho uma musiquinha no meu blog que vão gostar.
Beijo, primos.
Quando é que vamos a uma jantarada?

17/7/06 19:52  
Blogger Maria P. said...

Passo por aqui muitas vezes em silêncio, para não estragar os sons que nos oferecem.

Muito obrigada.

17/7/06 22:23  
Blogger viktor said...

A Rapariga,
Olá primas. Quanto à música no vosso blog, a Renée Fleming é sempre excelente.
Vamos a essa jantarada :))
Bjs.

Maria P.
Olá,
Gostamos de a ouvir por aqui. Não estraga nada a nossa música :)))
Até à próxima.
Bjs.

17/7/06 23:40  
Anonymous Anónimo said...

Isto está lindo,está!!!
Que rica conversa,já não bastava o prof ter-se passado dos carretos e mostrar-nos o orgão por dentro e por fora e ainda me aparece a Aspásia a pôr mais "lenha para a fogueira"...e feira erótica.. e tal.
E ando eu a recomendar um blog "educativo"sobre música aos meus amigos!!!Vocês vejam lá a minha reputação...(nunca percebi porque é que a 2ª e 3ª sílabas aparecem nesta palavra...!!!)

19/7/06 00:35  
Anonymous Anónimo said...

E não vos mandei um sorriso cheio de abraços no post anterior,porque não cabiam,nem os sorrisos nem os abraços.
Já agora mil beijinhos,o Post está delicioso.

19/7/06 00:46  
Anonymous Anónimo said...

e faltou o s para compor o ramalhete...isto está mesmo muito educativo!!!
Ai ai Milú, isto já não vai lá sem "fakitol"...

19/7/06 01:04  
Anonymous Anónimo said...

Bem, sobre o órgão é excelente e pedagógico.Quanto às tivergações à volta do dito há um cerco de insistência às vezes maniaco-depressiva, mas compreende-se, não por fome mas por consumismo

29/7/06 00:29  

Enviar um comentário

<< Home