A Criação de Haydn
A CRIAÇÃO, DE HAYDN
Felizes estes homens que podiam escrever da Criação,
confiadamente compor-por mais dores que sofressem
enquanto humanos e como seres viventes-
tão jubilantes cânticos do criar do Mundo.
Era belo, era bom, era perfeito o Mundo.
É certo que o cantavam quando apenas criado,
e o par humano pisava sem pecado
o jardim paradisíaco.
Nós nem mesmo em momentos únicos,
raríssimos, epifânicos
-e não só por não crermos no pecado-,
não podemos.
Jorge de Sena
Londres, 8/3/1973
Coro Vollendet ist das grosse Werk
(A grande obra está terminada),
da 2ª parte da obra A Criação de Joseph Haydn -
int. da Orquestra Filarmónica de Viena
dirigida pelo Maestro Riccardo Muti
Têm estado a ouvir um dos coros da Oratória A Criação de Joseph Haydn, uma peça que se inclui na última fase da obra deste compositor. A estreia, para o grande público, teve lugar a 19 de Março de 1799, no Burgtheater de Viena, tendo a orquestra sido dirigida pelo próprio Haydn.
A Criação é composta por 3 partes. A primeira delas inicia-se com um prólogo intitulado Die Vorstellung des Chaos (A Representação do Caos). Seguidamente, o anjo Gabriel anuncia o primeiro dia da criação, no qual surgiu a luz. Acompanhando o texto, a orquestra e o coro interpretam uma indrodução lenta que, ao chegar à palavra Licht (Luz), subitamente se transforma numa radiosa e forte cadência. Esta parte termina com um célebre e poderoso coro Die Himmel erzählen die Ehre Gottes (Os céus contam a glória de Deus) que integra uma fuga, tal como é hábito no período clássico.
A segunda parte descreve os quinto e sexto dias, nos quais foram criados os animais e o homem. Mais uma vez a música acompanha a acção, podendo-se assim ouvir vários animais, como pássaros, peixes, um leão, um cavalo, vacas, ovelhas e até uma minhoca rastejando na terra.
Na terceira parte, a acção decorre no Paraíso, onde Adão e Eva interpretam um dueto amoroso Holde Gattin, dir zur Seite (Adorável esposa, a teu lado), com influências operáticas. Esta terceira parte e a peça terminam com o Coro Singt dem Herren alle Stimmen! (Que todas as vozes cantem ao Senhor!) que poderão ver abaixo. Este coro inicia-se com uma introdução lenta e prossegue com uma fuga dupla, acabando de modo grandioso.
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A Criação conheceu um grande sucesso, ainda em vida do compositor, tendo sido nessa altura apresentada nos principais países europeus e nos EUA. Actualmente, continua a ser considerada uma das obras corais sinfónicas mais importantes.