Nas obras musicais há habitualmente alterações na intensidade do som. Assim, uma parte da peça pode ser tocada ou cantada com uma maior intensidade do que uma outra parte da mesma peça. A estas variações de intensidade dá-se o nome de
Dinâmica.
Estão a ouvir o 1ºandamento, O Fortuna, da obra Carmina Burana de Carl Orff. Como podem verificar, este excerto é um bom exemplo da passagem de uma grande intensidade (fortissimo) para uma pequena intensidade (pianissimo). No final do andamento, voltamos à dinâmica de fortissimo.
Esta obra foi composta em 1937, pertencendo assim a uma época na qual já se exploravam todas as possibilidades das dinâmicas. Contudo, nem sempre foi assim.
No período barroco, as possibilidades de exploração de contrastes entre a intensidade dos sons eram muito menores, devido às limitações dos instrumentos musicais da época. Estes conseguiam poduzir sons em piano (uma pequena intensidade) e sons em forte (uma grande intensidade), mas não conseguiam executar sons em pianissimo, nem em fortissimo.
Os compositores do barroco utilizavam frequentemente nas suas obras a oposição entre forte e piano, sem haver crescendos (aumento gradual da intensidade do som) e diminuendos (diminuição gradual da intensidade do som).
Poderão ouvir aqui o 3ºandamento do Outono das 4 Estações de Vivaldi que exemplifica esta alternância entre forte e piano. Neste exemplo, encontramos, por vezes, até a mesma frase musical executada primeiro em forte e depois em piano.
No período seguinte, o
período clássico, devido à evolução dos instrumentos, os compositores incluem já nas suas obras uma gama mais alargada de dinâmicas. Surge a possibilidade do
fortissimo (por exemplo, início da 5ª Sinfonia de Beethoven) e do
pianissimo (por exemplo, andamentos lentos dos concertos para piano e orquestra de Mozart).
Num dos primeiros posts, referimos o aguçado sentido de humor de
Haydn. Em 1791, este compôs uma sinfonia, intitulada
Sinfonia Surpresa, na qual brinca com a utilização das dinâmicas.
No início do 2ºandamento, ouvimos o tema, primeiro em
piano e depois em
pianissimo, quando de repente surge um acorde em
fortissimo (daí o nome da sinfonia). Tecnicamente, trata-se de um
sforzando, ou seja uma acentuação repentina.
Poderão ouvir aqui o início deste andamento da
Sinfonia Surpresa de Haydn.
Percorremos assim as principais dinâmicas, segundo as várias épocas. Falta apenas dizer que na época do romantismo, houve uma maior utilização do
crescendo e do
diminuendo. Nas sinfonias de, por exemplo,
Brahms,
Bruckner e
Mahler e em óperas de
Wagner encontramos passagens onde podemos ouvir grandes crescendos e diminuendos que por vezes podem durar alguns minutos. Existe até uma peça totalmente construída sobre um crescendo, o famoso
Bolero de
Ravel que todos certamente conhecem.