23 dezembro 2005

Feliz Natal e um Próspero Ano Novo

O nosso menino Jesus
Nasceu em Belém
Nasceu tão somente
Para querer o bem
Nasceu sobre as palhas,
O nosso menino
Mas a mãe sabia
Que ele era divino
Gloria, gloria in excelsis deo.


Gloria - A. Vivaldi

Agradecemos a todos as palavras de incentivo. Após umas pequenas férias, vamos todos à ópera no lago Constança:)

15 dezembro 2005

For unto us a child is born - Fuga coral

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Podem ouvir aqui o andamento For unto us a child is born do Messias de G.F.Händel. Como poderão observar pelo gráfico acima, trata-se de uma fuga. Falámos já de fugas em dois posts anteriores. Para recordar, uma fuga é um tipo de peça musical que consiste num conjunto de entradas sucessivas de instrumentos ou vozes.
Passando então a analisar o gráfico:

Exposição:
A obra inicia-se com uma introdução instrumental. Seguidamente, ouve-se o Tema nos sopranos com o texto "For unto us a child is born". Depois, este mesmo Tema é executado nos tenores, enquanto os sopranos executam o Contratema, facilmente identificável pelas notas rápidas. Segue-se a Resposta nos contraltos e o Contratema Transposto nos baixos.
Desenvolvimento:
Com fundo verde estão marcados no gráfico os 4 episódios do desenvolvimento, os quais nesta fuga têm sempre o seguinte texto: "Wonderful, Counselor, The Mighty God, The Ever lasting Father, The Prince of Peace!". Antes de cada episódio, ouve-se o texto "And the government shall be upon His shoulder" que vai sendo executado por diferentes vozes, servindo de preparação para os ditos episódios.
Händel cria também um jogo entre as várias vozes, utilizando pequenos fragmentos, que se ouvem entre os episódiod, baseados no início do tema (cabeça do tema) e no final do tema.
Re-Exposição:
Contrariando as regras da fuga, não há uma execução final do tema e do contratema, mas sim uma coda instrumental que encerra a obra.
Nesta excelente intepretação da orquestra The English Concert, dirigida pelo maestro e cravista Trevor Pinnock, a intrumentação utilizada neste andamento é a seguinte:
- 6 primeiros violinos
- 6 segundos violinos
- 4 violas de arco
- 4 oboés
- 2 fagotes
- baixo contínuo (1 violoncelo e órgão)

Note-se que estes instrumentos são instrumentos originais (Séc.XVIII). Também o tipo de execução vocal e instrumental segue as normas da época. Por vezes, encontramos gravações do Messias tocadas ao estilo romântico, recorrendo a grandes orquestras e coros, o que na realidade não é correcto, segundo registos que chegaram até nós.

04 dezembro 2005

Basics II - As Dinâmicas

Nas obras musicais há habitualmente alterações na intensidade do som. Assim, uma parte da peça pode ser tocada ou cantada com uma maior intensidade do que uma outra parte da mesma peça. A estas variações de intensidade dá-se o nome de Dinâmica.

Estão a ouvir o 1ºandamento, O Fortuna, da obra Carmina Burana de Carl Orff. Como podem verificar, este excerto é um bom exemplo da passagem de uma grande intensidade (fortissimo) para uma pequena intensidade (pianissimo). No final do andamento, voltamos à dinâmica de fortissimo.
Esta obra foi composta em 1937, pertencendo assim a uma época na qual já se exploravam todas as possibilidades das dinâmicas. Contudo, nem sempre foi assim.

No período barroco, as possibilidades de exploração de contrastes entre a intensidade dos sons eram muito menores, devido às limitações dos instrumentos musicais da época. Estes conseguiam poduzir sons em piano (uma pequena intensidade) e sons em forte (uma grande intensidade), mas não conseguiam executar sons em pianissimo, nem em fortissimo.
Os compositores do barroco utilizavam frequentemente nas suas obras a oposição entre forte e piano, sem haver crescendos (aumento gradual da intensidade do som) e diminuendos (diminuição gradual da intensidade do som).
Poderão ouvir aqui o 3ºandamento do Outono das 4 Estações de Vivaldi que exemplifica esta alternância entre forte e piano. Neste exemplo, encontramos, por vezes, até a mesma frase musical executada primeiro em forte e depois em piano.

No período seguinte, o período clássico, devido à evolução dos instrumentos, os compositores incluem já nas suas obras uma gama mais alargada de dinâmicas. Surge a possibilidade do fortissimo (por exemplo, início da 5ª Sinfonia de Beethoven) e do pianissimo (por exemplo, andamentos lentos dos concertos para piano e orquestra de Mozart).
Num dos primeiros posts, referimos o aguçado sentido de humor de Haydn. Em 1791, este compôs uma sinfonia, intitulada Sinfonia Surpresa, na qual brinca com a utilização das dinâmicas.
No início do 2ºandamento, ouvimos o tema, primeiro em piano e depois em pianissimo, quando de repente surge um acorde em fortissimo (daí o nome da sinfonia). Tecnicamente, trata-se de um sforzando, ou seja uma acentuação repentina.
Poderão ouvir aqui o início deste andamento da Sinfonia Surpresa de Haydn.

Percorremos assim as principais dinâmicas, segundo as várias épocas. Falta apenas dizer que na época do romantismo, houve uma maior utilização do crescendo e do diminuendo. Nas sinfonias de, por exemplo, Brahms, Bruckner e Mahler e em óperas de Wagner encontramos passagens onde podemos ouvir grandes crescendos e diminuendos que por vezes podem durar alguns minutos. Existe até uma peça totalmente construída sobre um crescendo, o famoso Bolero de Ravel que todos certamente conhecem.